Jornalismo móvel - À espera de uma lenda

Por Ramon Andrade

Se você é morador do bairro de Setúbal, Zona Sul do Recife, provavelmente conhece a fama que tem a linha de ônibus Setúbal Príncipe, da empresa Borborema. Quem depende do transporte para ir ao trabalho, normalmente tem de invetar uma desculpa mais convincente do que “o ônibus demorou.” Os residentes da comunidade não

aguentam mais passar um bom tempo no ponto de parada esperando pela “lenda”, que vez ou outra demora mais de uma hora para buscar o passageiro.

A fama do Setúbal Príncipe já é espalhada pelo Recife. Em algumas ocasiões, os moradores do bairro de Boa Viagem também sofrem com a demora do transporte. Principalmente quem estuda na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), onde o único ônibus que leva até a Zona Sul é justamente ele. “Teve um dia que esperei por uma hora e vinte minutos. Não aguentei e liguei para um amigo ir me buscar no Derby. Fui andando até a Agamenon Magalhães”, lembra o estudante Fernando Athayde, que na ocasião estava na parada em frente a Unicap, na Rua do Príncipe, Zona Norte.

Estudando para concurso, Maria Irina depende da linha de segunda à sexta. Porém, é comum chegar atrasada no Núcleo de Concursos Especial (Nuce). “Enquanto sai quatro ônibus do Setúbal Conde da Boa Vista, não sai nenhum do Príncipe. Absurdo! O pior é que só posso ir ao curso com ele”, explica a estudante, que mora próximo ao terminal. A coisa fica ainda pior aos domingos, quando não há a circulação do Setúbal Príncipe na cidade.